7 de abril de 2017

"Nem o céu será o meu limite!”

(entrevista publicada no site "Onde ir")


Marta Canário tinha 15 anos quando a sua vida mudou drasticamente e um simples duche empurrou-a para uma cadeira de rodas. Em vez de ficar de braços cruzados, deu a volta e da adolescente nasceu uma mulher lindíssima, por dentro e por fora. É assessora de imprensa da Novabase desde 1998 e tem ainda tempo para ajudar pessoas sem-abrigo. Escreveu o livro “Ser feliz é uma escolha” e o Onde Ir escolheu-a para a entrevista que se segue.
Texto Sandra Martins Pereira Fotografia Rodrigo Cabrita

Marta decidi pegar no seu livro e abri-lo ao acaso para ver Onde nos leva. O primeiro capítulo a sair foi o IV “Supera as adversidades (e aprende com elas)”. Toda a história da Marta é uma constante prova de superação, não só nas coisas mais graves, como a septicémia que fala logo no início do capítulo, mas calculo que também no seu dia a dia. Quais as maiores dificuldades que encontra numa simples ida ao cinema, a um restaurante ou espetáculo ou numas férias? O que é preciso alterar na mentalidade das pessoas em relação a pessoas com mobilidade reduzida?
Encontram-se várias, umas mais fáceis de ultrapassar do que outras, mas várias, por todo o lado e para todos os gostos. Portugal está mais sensível ao tema das acessibilidades para pessoas com mobilidade condicionada, mas ainda há muito caminho para percorrer. E a lei não nos ajuda. Apesar do DecretoLei nº163/2006 legislar o tema, este apresenta um problema de base: depois do artigo que obriga os espaços públicos a estarem acessíveis, segue-se outro com as chamadas “exceções”, onde tudo cabe, e passo a citar: “obras desproporcionadamente difíceis, ou que requeiram a aplicação de meios económico-financeiros desproporcionados ou não disponíveis, ou ainda quando afetem sensivelmente o património cultural ou histórico, cujas características morfológicas, arquitetónicas e ambientais se pretende preservar.” Como facilmente se percebe, é muito simples alegar um ou mais destes argumentos e não adaptar ou adequar o espaço.
No meu caso em particular, em que a minha “limitação” é deslocar-me numa cadeira de rodas, preciso de planear as minhas saídas sempre que quero ir a algum lado. Seja em lazer seja em deslocação profissional. E por vezes acontece que não consigo mesmo ir, porque as dificuldades são tantas, que prefiro não arriscar.
Tenho, felizmente, assistido a algumas mudanças de mentalidade nos últimos tempos, nomeadamente ao nível da cidade que me viu nascer, Lisboa, e isso deixa-me muito, muito feliz. Mas merecemos muito mais. Há um longo caminho pela frente, até chegarmos ao nível que considero satisfatório e até justo. Quero poder ir a qualquer restaurante e não me preocupar como vou entrar, se tem casa de banho adaptada. Quero poder andar de transportes públicos sem ter que avisar a empresa de transportes que estou a chegar, quero poder passear na minha cidade e no meu país sem correr o risco de empancar numa pedra e cair, ou de ser confrontada com um degrau e não poder avançar mais.
É urgente abrirmos as nossas cabeças. Defendo a teoria do “para todos”. Até porque todos, sem exceção, passamos por um episódio de mobilidade condicionada ou reduzida ao longo da nossa vida. Ou porque torcemos um pé, ou porque ficamos grávidas, ou porque precisamos de passear o carrinho do nosso bebé, ou porque partimos uma perna, ou porque envelhecemos. Por isso, devemos pensar num mundo universal. Afinal, na grande maioria dos casos, o que dá para mim, dá para todos.
O que faz para superar essas adversidades? Ou seja, como é que dá a “volta ao texto”?
Com uma enorme capacidade de planeamento, que aprendi a ter. Com a ajuda da família e dos amigos, que nunca me falham. E com uma paciência infinita para não me passar sempre que me deparo com alguma destas situações. Naturalmente que já tenho muita experiência no assunto e consigo rapidamente perceber onde posso e onde não posso ir. Isso ajuda a não passar a vida a bater de frente contra essas situações.
Depois também tem a ver com o meu feitio. Não sou de ficar agarrada ao que não consigo fazer. Sigo em frente, parto para outra.
A Marta trabalha como assessora da Novabase já há alguns anos e o facto de andar numa cadeira de rodas nunca a impediu de efetuar um bom trabalho. Hoje em dia acha que as empresas estão mais abertas a darem também hipóteses a pessoas com algum tipo de deficiência?
Entrei na Novabase em 1998, com 23 anos, para ajudar a empresa a preparar a entrada em Bolsa, no que dizia respeito à relação com a imprensa, que ia começar a ser necessário desenvolver. Não percebia nada de tecnologia – a Novabase é uma consultora com base tecnológica – mas expliquei que ia conseguir perceber do negócio rapidamente e que o explicaria com alguma facilidade aos jornalistas. Acreditaram em mim e lá estou, até hoje, 18 anos depois. O facto de eu estar de cadeira de rodas nunca foi sequer um tema para a Novabase. Porque também não o é para mim. Já mudámos de instalações 4 ou 5 vezes, e tiveram sempre a preocupação de garantir que eu tinha as condições necessárias para trabalhar e para me sentir parte daquele todo. Foi assim quando éramos 200, é assim hoje, que já somos mais de 2000 e estamos espalhados pelo mundo.
A Novabase teve a capacidade de ver para além da minha cadeira. E eu tenho conseguido provar que valho a pena. Porque dou sempre o meu melhor, todos os dias. E porque a Novabase me recompensa com reconhecimento e novos desafios. No fundo, é como numa relação entre duas pessoas. A nossa é uma relação saudável, em que ambas as partes são felizes. E, enquanto assim for, lá me terão.
Mas também tenho consciência de que me movo num mundo esclarecido, de gente com mente aberta. Infelizmente nem todos pensam assim e sinto que há ainda muito preconceito em apostar em pessoas com algum tipo de limitação. Há, também aqui, um longo caminho para trilhar. Talvez com a exposição de exemplos como o meu, e há muitos mais, outras portas se abram e outras empresas percebam que há limitações que em nada interferem com um excelente desempenho profissional. Para além disso, acho que as pessoas com limitações têm características únicas. São muito determinadas, focadas, orientadas à solução – fartos de problemas estamos nós! – e cheias de vontade de mostrar que conseguimos superar qualquer obstáculo. Isto, também em ambiente profissional, é fantástico!
Se nada disto funcionar, venham de lá as quotas, como em alguns países, em que por x pessoas ditas “normais” é obrigatório x com algum tipo de limitação.
Vou abrir o livro novamente: Página 109 “Perguntas difíceis, respostas verdadeiras”. O lançamento deste seu livro “Ser feliz é uma escolha” tem sido pretexto para várias entrevistas em diversos meios de Comunicação Social. Cada vez que recorda todos os episódios que passou é-lhe difícil ou pelo contrário aproveita o seu exemplo para dar força aos outros? Dá sempre respostas verdadeiras ou faz alguns floreados para o cenário não parecer tão mau?
Tudo pelo qual passei moldou-me. Tornou-me um bocadinho mais completa. Mais humana até. Percebi que não sou invencível. Sei os meus limites. Mas também sei que sou resistente. Sei que ando por cá com uma missão: mostrar que podemos ser felizes, mesmo que a vida nos passe algumas rasteiras. Aprendi com a própria pele que um dos segredos para isto tudo é aceitarmos o que a vida nos dá e aprender a fazer o nosso melhor com o que existe. Por isso, não me custa nada falar de tudo pelo qual passei. São temas resolvidos e bem-vindos. São situações que, apesar de difíceis, me ajudaram a crescer, a ser melhor. E que, quando abertas a todos, ajudam os outros a serem mais felizes e a verem a vida de outra forma. A darem valor às pequenas coisas, aos pequenos momentos. O que me deixa imensamente feliz. É uma responsabilidade gigante, mas o retorno é muito maior.
Quanto aos floreados, quem me conhece sabe que não os faço. A parte crua e dura da vida ensina-nos muito mais que a bem cozinhada e fácil de roer.
Nesta página do livro conta que foi a uma escola complicada falar com miúdos complicados. Intimidou-a? Qual foi a pergunta que a incomodou mais? De que forma pensa que o seu testemunho nessa escola ajudou esses adolescentes?
Nesse dia o objetivo era ir contar a minha história a miúdos adolescentes. Parecia simples. A sala estava cheia porque eles eram obrigados a assistir à palestra. Tinham que preencher aquela hora ali. Contei a história da paraplegia e, mais tarde, da septicémia. Penso que gostaram de ouvir e que os ajudei a perceber que podemos ser felizes mesmo assim.
A certa altura, uma das miúdas da fila da frente dispara uma pergunta mais íntima: “Se não sente, como é que se retira prazer de uma relação sexual?”
Confesso que engoli em seco e parei por segundos. A professora que me tinha convidado ficou da cor de um tomate e atravessou-se, pedindo para passar para a pergunta seguinte. Mas eu olhei para a miúda e disse-lhe “se é isto que queres saber, se é esta a tua curiosidade, vamos a isso.”
E tentei explicar-lhe que o nosso corpo é uma caixinha de surpresas e que devemos investir algum tempo a conhecê-las porque sairíamos dessa viagem muito surpreendidos com as respostas que ele nos dá. Que quando nos entregamos – e muitos daqueles miúdos estavam precisamente nesta fase da vida – devemos fazê-lo a quem gostamos muito e que nos respeite como somos. E terminei com a pergunta “gostas quando o teu namorado te dá um bom beijo no pescoço ou na orelha?”. Ela respondeu “gosto muito”, e riu-se, envergonhada. Aliás, riram-se todos e, quando demos por isso, estávamos ali há mais de 2h.
Respondendo à pergunta, tenho a certeza de que eles perceberam a mensagem e que vão olhar para a deficiência com menos preconceito, também a esse nível.
Nova abertura de livro: página 49 “Aceitar o diagnóstico, desistir dos tratamentos”. Não me parece que desistir seja a sua palavra preferida, no entanto às vezes é necessário saber aceitar as coisas tal como elas são. É difícil tomar estas decisões? Como sabemos que está na altura de aceitar? Que conselho pode dar a outras pessoas?
Naquela altura eu já tinha tido o acidente há cerca de 3 anos. Fazia fisioterapia todos os dias, massagens, acupunctura, homeopatia. Tinha ido a Londres, aos melhores especialistas. Mas a minha sensibilidade nas pernas continuava na mesma, sem alterações. O tempo que eu passava nestes tratamentos, era tempo que eu não passava com amigos, colegas, a divertir-me. Por isso, a certa altura, decidi parar com eles para me dedicar a viver ainda mais. Prometi estar atenta aos avanços da medicina, mas precisava de imprimir normalidade ao meu dia a dia. Tinha 18 ou 19 anos e queria ser como os outros.
Olhei para trás e era muito feliz, mesmo tendo ficado de cadeira de rodas. Era feliz assim, sentada. Aquele foi o meu momento, fechar um ciclo e abrir outro. Mantive-me na faculdade, anos depois fui trabalhar para a Novabase, namorei muito, saí à noite, diverti-me, fiz tudo a que tinha direito, mesmo assim, sentada. A vida continuou. E continua. Por muitos e bons anos, espero!
Página 138 “Naquele tempo, as férias de verão duravam meses…”
Vou seguindo a sua página do Facebook e vejo-a sempre bem-disposta e com um grande bronzeado. Penso que foi o ano passado que me deliciei com uma história de uma senhora de idade a quem emprestou o seu tiralô (carrinho anfíbio que nos leva para dentro de água) para que a mesma pudesse entrar no mar. É muito importante para si continuar a fazer as coisas mais naturais da vida, como ir à praia, entrar no mar, estar com os amigos? E como foi proporcionar essa mesma sensação a uma pessoa que há tantos anos não tinha esse prazer?
A minha vida é igual à de toda a gente, com pequenas adaptações, apenas isso. Claro que há coisas que não posso fazer, como correr, andar de bicicleta, jogar voleibol, que sempre gostei. mas há tanta coisa boa que me resta que, vendo bem, estas nem me fazem falta!
Banho de mar. Deixei de ir a certa altura, ou porque estava muito magra e não me queria despir, ou porque tinha feridas (escaras) e não as podia molhar, ou porque estava acima do peso e tinha vergonha. Ia para a praia com os meus amigos mas ficava na areia, a torrar ao sol, sempre perto deles. Não ia ao banho. Até ao dia em que fiz umas férias no Algarve com a minha família – mãe, irmã e sobrinha. Naquela manhã fomos até a uma praia e, assim que cheguei, percebi que era uma praia acessível, com passadiço até à zona dos chapéus, tiralô, etc. Quando cheguei lá abaixo percebi que havia várias pessoas como eu, e que elas iam ao banho com a ajuda dos monitores. O sol era abrasador, o mar calmo e quente, ninguém me conhecia, e estava com quem mais amo para me ajudarem a ultrapassar aquilo. E fui. Vinte anos depois, voltei a nadar em água salgada. Foi inesquecível. De tal forma, que hoje em dia tenho um tiralô na praia que frequento perto da minha casa – oferecido pelos donos do bar no dia dos meus anos – e não dispenso um bom banho de mar ou uma boa conversa à beira mar com os pés dentro de água. Nunca mais me vou privar disto.
Esse episódio da senhora de idade aconteceu no último verão. Nesse dia eu não ia à praia, e uma amiga ligou-me a perguntar se eu lhe emprestava o tiralô para levar a avó, uma senhora com 88 anos, ao mar, onde tinha deixado de ir há mais de 20. A D. Filomena. Revi ali a minha história e disse prontamente que sim. Minutos depois, a minha amiga enviou-me uma fotografia da avó dentro de água, sentada no tiralô, com os netos à volta e um sorriso enorme no rosto. Fiquei de coração cheio, por ter contribuído para aquele momento de felicidade. A D. Filomena faleceu há poucos meses, e sentir que ajudei a cumprir este seu sonho, dá-me uma sensação de felicidade enorme. E de gratidão, por um dia me terem oferecido aquele carrinho que tão feliz me faz a mim, e que tão feliz fez a D. Filomena e a sua família.
Que diferenças encontra entre o estrangeiro e Portugal em termos de facilidades nos hotéis e em outros empreendimentos turísticos por forma a facultar uma vida “normal” a pessoas com mobilidade reduzida? A Marta tem postado no Facebook várias fotografias de piscinas adaptadas. É um recado?
Sinto que ainda há muita gente para sensibilizar. No outro dia tinha uma reunião até muito tarde, e outra no dia seguinte, muito cedo. Por isso decidi ficar a dormir no hotel ao lado da minha empresa, já que não justificava ir a casa para dormir e tomar banho – não vivo perto do escritório – e voltar. Liguei para o hotel, perguntei se tinham um quarto adaptado, garantiram-me que sim. Mas, como já conheço os truques e sei que há muita falta de conhecimento, pedi para me descreverem o quarto e o wc e percebi que não tinham cadeira para me ajudar na banheira. Perguntei se havia espaço para comprarem uma, que serviria para mim, mas também para os próximos clientes. Não foi fácil, mas lá compraram. E ela já me serviu mais 1 ou 2 vezes, em que tive que lá ficar. Há uns anos, fui a Bruxelas e fiquei num dos melhores hotéis da cidade, num quarto supostamente adaptado. Quando lá cheguei percebi que, para eles, um quarto adaptado era um quarto com 50 metros quadrados. Expliquei que preciso de pouco espaço, mas pensado para mim. Lá compraram uma cadeira de banho, mas também a custo. Para compensar, uma história feliz: há 2 anos estive em Madrid em férias e desloquei-me sempre para o centro da cidade de comboio, sem problemas de acesso e com direito a wc dentro da carruagem que, mesmo sem necessidade, decidi usar porque nunca tinha visto!
Não me atrevo a fazer viagens de avião de longo curso porque ainda não percebi como resolvem se eu precisar de ir à casa de banho a meio da viagem. Fico-me por locais mais próximos.
Todos os anos alugo casas de férias no Algarve e também tenho sempre problemas em encontrar uma com acessos para mim e dentro do que quero gastar. Mas, neste caso, como vou em família, acabo por ter ajuda, se necessário. Mas não devia ser assim. É uma vergonha.
Abri de novo ao acaso: Capítulo IX “Sê o melhor que conseguires”. Já disse em várias entrevistas que está rodeada de mulheres e dedica mesmo este livro a elas – a sua mãe, irmã e sobrinha – como se explica a uma criança que não podemos andar?
A Carlota nunca me conheceu de outra forma, pelo que para ela sempre foi normal ver-me na cadeira, a passar para a cama, a tomar banho sentada, a ser ajudada por terceiros. Claro que ela foi crescendo e percebendo que a tia era, de alguma forma, diferente dos outros. Mas como também sempre cresceu perto de uma pessoa que, mesmo de cadeira, faz uma vida normal, adaptada mas normal, nunca foi para ela um problema. Muitas vezes até me disse que me preferia assim do que se andasse. Ainda mal articulava o discurso, e já me dizia estas coisas fantásticas.
Sinto que é uma miúda mais atenta e sensível, por ter crescido perto de mim. Gosta de ajudar os outros, defender os que, por uma razão ou por outra, são mais frágeis aos olhos da sociedade. Um dia, no infantário, perante um colega que se deslocava de cadeira de rodas e que não queria, por isso, entrar numa atividade de grupo, levantou-se, pôs a mão na cintura e disse: “tens que fazer. Olha que eu tenho uma tia lá em casa que faz tudo! Até se pinta!” Acho esta história deliciosa porque para ela, eu fazer tudo não é trabalhar, dar-lhe banho, fazer o jantar, arrumar a casa. É pintar-me…!
A Marta, apesar da sua mobilidade reduzida faz muito mais do que muitas pessoas que têm os movimentos livres. Uma dessas coisas é ajudar pessoas sem-abrigo, dando-lhes comer. A frase “Sê o melhor que conseguires” aplica-se?
Sou voluntária do CASA – Centro de Apoio ao Sem-abrigo há 3 ou 4 anos. Todas as 4ªas feiras me junto a um grupo de malta que, depois de um dia de trabalho, vai até à Gare do Oriente depois do jantar, para distribuir uma refeição quente, um pão, um bolo, um sumo e roupa a quem ali perto passa a noite.
A causa dos Sem-abrigo toca-me especialmente. A falta de dignidade com que aquela gente é tratada pela sociedade, incomoda-me. Julgamos demais, sabe? Há ali pessoas que precisam de nós, ponto final parágrafo. Se erraram na vida ou não, pouco me interessa. São seres humanos que precisam de alguém que lhes dê um prato de comida e, tantas vezes, que os oiça. Garanto-lhe que não está ali ninguém por gozo. Todos os dias que lá vou aprendo mais um bocadinho sobre a vida. Sinto que a nossa presença os conforta. E saio de lá com mais energia do que a que levo comigo. Costumo dizer que é a melhor parte do meu dia.
Se todos dessem um bocadinho de si, a esta ou a outra causa, o mundo era muito mais equilibrado e havia mais gente feliz.
Finalmente e para terminarmos, impõe-se a pergunta: Ser feliz é uma escolha sua. Onde pensa que a levará?
Todos dias, desde que acordamos até que nos deitamos, fazemos escolhas. O que vestir, o que comer, o que fazer durante o dia, como o fazer, etc. Mas as nossas escolhas passam também por: com que cara saio de casa, bem ou maldisposta, com mais ou menos vontade, mais ou menos motivada para o dia que me espera…Enfim, escolher é algo que nos acompanha todos os dias da nossa vida.
A vida ensinou-me a tentar fazer sempre as escolhas que me levem ao principal objetivo que tenho na vida: ser feliz. E tenho conseguido.
Tudo pelo qual tenho passado, principalmente os momentos mais duros, serviu para eu constatar que o meu corpo segue uma espécie de padrão sempre que entra em modo de sobrevivência. Um bocadinho como os smartphones quando entram em modo de economia de energia, e passam para segundo plano uma série de tarefas/aplicações/funções, assim faço eu. Desligo o que não interessa e foco toda a minha energia a executar tarefas essenciais à minha “sobrevivência”: ultrapassar a situação, sair dela. Umas vezes conseguimos sozinhos, noutras precisamos de ajuda. Devemos pedi-la se necessário. Sem vergonha.
Mas o segredo é este: quando somos confrontados com algum tipo de problema, há que aceitar que eles existem, não lhes podemos fugir, devemos trazer para dentro do barco, o mais rapidamente possível, o lado racional. Como eu costumo dizer, juntar ao word da vida, o excel, muito mais frio, mais analítico. Definir um plano de ataque, um caminho para encontrar a solução: ultrapassar a situação. Focar em ser feliz. Daí o título do meu livro “Ser Feliz é Uma Escolha”.
Tenho feito esta escolha todos os dias. E tenho a certeza que, se continuar a fazê-la, vou chegar longe. Aliás, acho que nem o céu será o meu limite! 

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