3 de novembro de 2013

Vão, mas voltam.

O Verão já lá vai. Voltámos à rotina do trabalho.
 
Alguns de nós meteram-se num avião e voltaram ao país que lhes prometeu um futuro melhor. Outros meteram-se no mesmo avião e foram pela primeira vez. Depois, há os que não foram nem vão, mas que o regresso ao trabalho nos retira da vista mais vezes do que as que gostaríamos.
 
Passou Setembro, passou Outubro. Com Novembro a romper, e as saudades a apertar, os que podem regressam, mesmo que por pouco tempo, de fugida. E reúnem-se à volta da mesa. Com o sol, o mar e a areia como pano de fundo. No bar de quem já passou connosco o tempo quente, no bar de quem já se partilhou connosco, e a quem desejamos que tudo corra bem.

Comentam-se as novidades de quem chega de lá. Misturam-se com as de quem vem de cá.
 
Trocam-se presentes atrasados. Os que não foram trocados por culpa da ausência forçada.
 
Notam-se as mudanças de cor de cabelo, a roupa nova. Sem maldade. Sem inveja. “Estás tão gira assim!”. Do coração.


 
 
Reforça-se aquela relação que começou no Verão. Aos olhos de todos “que bom, eles merecem”. No fundo da mesa comenta-se baixinho “vai ser desta”. Quem disse costuma acertar. Fui eu.
 
Chega a sangria. Vem o petisco. São as conversas que se cruzam. Que se atropelam. As risadas de um lado, os sorrisos do outro. Numa curva, esbarram um com o outro e é a gargalhada geral. As mesas do lado olham, mas nós nem queremos saber. É a loucura sã.
 
Os miúdos correm para perto do mar. Para acelerar na areia. Dar saltos. Mas os graúdos vão atrás. Não para controlar. Mas porque aqui todos brincam uns com os outros.
 
O sol muda de lugar e de cor. Deixa de ter força para aquecer o corpo mas ganha-a para aquecer a alma, de tão bonito.
 
O dia chega ao fim. Despede-se. Despedimo-nos todos. “Quando voltas para lá?”, pergunta-se pedindo que o tempo páre. “Vou daqui a uns dias.” “E quando regressas?”. A resposta é pronta ”no Natal e, muito provavelmente em Janeiro, para o aniversário da tua mana.”

O importante é tentar não estar longe muito tempo. Voltar sempre que se pode. O avião dá uma ajuda e torna o "tão longe" em "tão mais perto".
 
Os que ficam e apenas se despedem do momento, não do País, prometem que nem a chuva, nem o frio os vai separar. Nem a chuva, nem o frio nos vai separar.
 
Porque quando o que existe é amizade, da boa, o mundo reduz-se ao tamanho de uma azeitona.
 


2 comentários:

  1. Lá está Marta a pedra filosofal é realmente não deixar que o longe se torne longe e encurtá-lo sempre.
    Até ao próximo.
    Bruno

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