Saímos para o trabalho porque sim. Vá, e porque no fim do mês chegam as contas e
têm que ser pagas.
Dias em que chegamos a casa à noite e só nos lembramos daquilo que correu mal. Que
queremos mudar de vida, blá, blá, blá, queremos menos stresse. Menos caos à
nossa volta.
E este filme devia ser visto ao contrário.
Devíamos levantar o cu da cama, ir à janela e respirar o ar daquele dia. De
mais um dia. E agradecer por isso.
Acordar quinze minutos mais cedo que o habitual para pôr a mesa do pequeno-almoço e comer com
calma, saboreando e lendo mais umas páginas daquele livro que nos tem feito
sonhar. E agradecer por isso.
Tomar um duche sim, sentindo a água a escorrer pelo
corpo, milímetro por milímetro. Cara, pescoço, ombros, peito, barriga, pernas e
pés. Tocar com as mãos na água. Sentir a água nas mãos. E agradecer por isso.
Escolher a roupa que melhor nos fica. Dar uma pintadela no rosto. Ou pôr
um bocadinho de rímel e um brilho nos lábios. E agradecer por
isso.
Chegar ao emprego e espalhar “bons dias”, com um sorriso no rosto. Por muito que venha de lá um dia complicado e cheio de trombas de elefante, cobras venenosas, sapos para engolir, caras de osga, olhos de carneiro mal morto e macacos de imitação. E, claro, agradecer por isso.
Depois, chegar a casa, desligar o botão “trabalho”, ligar o “chegaste a
casa, agora relaxa, sff”. E agradecer por isso.
Há dias filhos da mãe. Há pessoas, nesses dias, que nem filhos da mãe devem
ser.
Há momentos em que focar no essencial é luta de bravos.
Mas eu já estive perto de não acordar. Já estive mais de um ano sem
fome e a emagrecer. Já estive quase dois sem poder tomar um duche. Já estive quase
um ano sem conseguir trabalhar. E hoje só posso agradecer por ter voltado a
conseguir fazer tudo isto.
Nem todos os dias o faço. Mas há outros, como este, dias filhos da mãe, em que me
obrigo a parar. Respirar fundo. E seguir em frente. Mesmo que só o faça depois de olhar
para trás. E, em particular, para este “atrás”.
Aconteça o que acontecer, sintas-te como te sentires, nunca te esqueças disto: acorda, veste-te, aparece e, cum caraças, nunca desistas!
Todos os dias deviam ser vividos com um sorriso nos lábios, mesmo com "senãos" :)
ResponderEliminarSorri ao ler o post. É muito bom conseguirmos ter o discernimento para relativar as coisas e dar importância a nós próprios e ao que realmente importa...
ResponderEliminarAté ao próximo