Ela era uma miúda crescida, mas uma miúda. E, como todas
as miúdas desta idade, achava-se quase grande. Mas, no fundo, estava ainda a
aprender e a perceber como as coisas aconteciam à sua volta.
Vivia no centro de Lisboa, com uma família de número
razoável.
Com aquela idade já tinha conquistado algum respeito
entre as outras da sua idade. Mas queria mais. Queria ir mais longe. Sentia que
conseguia e estava pronta para novos voos. Altos voos.
Foi nessa fase que nos cruzámos, que veio ter comigo. Quando falámos pela
primeira vez gostei da forma simples como se explicou. E como explicou o que queria
de mim. Também gostei da forma como, para ela, e desde o primeiro minuto, a
minha cadeira não foi um problema. Sequer motivo de conversa.
De resto, sabia que eu também estava a começar e aceitou fazer
aquela nova viagem, viver aquela nova fase da sua vida comigo. Em conjunto. Era
um desafio para partilharmos.
Nos dias que se seguiram fui apresentada ao resto da sua
família, que também me acolheu de braços abertos.
Com o tempo, à agora “nossa” família, devagarinho foram-se
juntando outras pessoas, muitas pessoas, e a casa foi ficando cada vez mais
pequena.
Foi, por isso, necessário mudar, encontrar um sítio onde coubéssemos
todos. Naquela altura e depois, mais 3 vezes. E ela sempre
se preocupou em garantir que o espaço se adequava a mim.
Estamos juntas há 14 anos. Como em todas as relações,
tivemos momentos de grande tensão. Mas outros de grande alegria. Conquistámos
muita coisa juntas. Ajudámo-nos mutuamente a crescer .
Houve alturas em que achei mesmo que nos íamos separar.
Houve momentos em que senti que ficarmos juntas não era, de todo, o meu caminho. Mas ela acabou
sempre por me convencer do contrário e me fazer continuar a apostar em nós.
Lutou contra os maiores. Umas vezes ganhou, outras vezes
perdeu. Mas tornou a sua luta conhecida por todos e reconhecida por tantos.
Há uns anos, destemida, decidiu abraçar novos desafios e
partir para países que não o nosso. Levar o nome de Portugal mais longe. Não
teve medo e partiu para onde ninguém a conhecia. Voltou a lutar contra os maiores
até os conseguir ganhar. E conseguiu. Veio de lá com algumas nódoas negras mas
cheia de projectos. Em alguns desses locais decidiu deixar uma bandeira sua. Noutros,
trabalho a decorrer. Ou já terminado e a disponibilidade para voltar. Ah, e mais
família, que não parou de crescer.
Acho que passo mais tempo com ela do que com a minha
outra família. A de sangue. Mas passo com prazer.
É certo que já não nos une aquela paixão inicial, que
quase nos cegava. Pelo menos a mim cegava-me. Porque a paixão cansa. Acaba. Mas passou a amor. Carinho. A
cumplicidade. Já nos conhecemos bem uma à outra. Claro que ainda temos momentos muito
intensos, de grande felicidade. E continuamos a tentar encontrar formas de nos surpreendermos
uma à outra. Conseguimos muitas vezes e isso faz-nos querer continuar juntas.
Conhecê-la mudou o rumo da minha vida. Literalmente.
Hoje já é uma mulher. Chegou onde outras nunca chegaram.
Ao topo. E eu cheia de orgulho por ter ajudado um bocadinho.
Como disse, estamos juntas há 14 anos. Quase 15. No mínimo, 9h por dia, todos os
dias. Muitas vezes, também ao fim de semana.
O nome dela? Novabase. E hoje é pequenina. Faz 24 anos.
Parabéns miúda! Que os teus/nossos próximos anos continuem
a ser de sucesso!E, para ti, a nossa música :)
Vim aqui para por acaso, e por acaso dei de caras com este post e sorri, sorri, porque o video me diz muito, porque todas as imagens desse video me passaram pelas mãos,porque o vivi a 100%..parabéns Novabase
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