Hoje apetece-me falar de amizade e de como a tenho descoberto ao longo da vida.
Acho que só me apercebi mesmo da importância disto em 91, quando fiquei de cadeira de rodas.
Antes do acidente era o que se podia chamar uma "miúda popular" lá na escola. Divertida, boa onda. Sim, e namoradeira. Tinha uma irmã mais velha que tinha entrado um ano antes no liceu, por isso tinha o terreno preparado e a vida facilitada. É certo que, nessa altura, era o raio da irmã da Canária mais velha. Só passados uns meses conquistei o meu espaço e passei a ser a Marta.
Quando fiquei de cadeira aproximaram-se mais pessoas. Não por pena, mas porque aquilo lhes tocou e acabou por facilitar a criação de uma relação.
Lembro-me que, nos primeiros anos, havia "discussões" sobre quem é que ia buscar a Marta a casa para a levar à Sul América. O que implicava pegar em mim às cavalitas e descer 3 lances de escadas (9-9-5) até chegar à cadeira, que costumava ficar estacionada no hall do prédio.
Normalmente era o R. namorado da altura, um miúdo fantástico, como poucos, com quem namorava há 2 meses antes do acidente. Namorámos 7 anos. Mas quando não era ele, havia sempre alguém.
Depois o tempo foi passando, e o que era novidade deixou de o ser. Ir buscar a Marta a casa passou a dar trabalho. Por isso iam sem mim e escondiam. Magoou-me mas não me atrapalhou. Na altura trabalhava em minha casa uma mi+uda novinha, mais nova do que eu, a Paula, que arrumava a casa a abrir e depois se aventurava comigo pelas avenidas. Cavalinho aqui, cavalinho ali, lá chegavamos à "Sul". E, como tinhamos a mania que eramos crescidas, aproveitavamos para fumar uns cigarros. Eu Ventil, ela SG Lights.
Mas o ano que marcou mesmo a minha vida no que diz respeito a amizades, deve ter sido o de 95/96.
Nessa altura já frequentava as praias da Caparica. A eleita era o Borda d'Àgua, ainda hoje do melhor que existe naquela margem. Aí encontrei um grupo de pessoas que me fez sentir...vá, "igual". Iamos juntas para todo o lado. Durante o dia na praia, à noite na mítica Kapital. Ai, Kapital, o que nós nos divertiamos na Kapital...Piso 2, junto ao DJ Miguel Espírito Santo, a melgá-lo para que pusesse as músicas que mais gostavamos...Coitado do Miguel.
Fizémos esta vida durante anos seguidos. Depois fomos crescendo, arranjando empregos, mas os fds eram sagrados: praia, jantar no restaurante Taska e, depois, Kapital. Loucura mas sempre com consciência.
Desses tempos guardo um episódio giro. A viagem que fiz com a Catarina H, a Patrícia R e a Dora S, a Badajoz, de carro. Quando lá chegámos apeteceu-me fazer chichi. Missão seguinte, encontrar rapidamente um wc. E encontrámos, nojento, dentro de um parque de estacionamento escuro e mal-cheiroso. Pegaram em mim e sentaram-me na dita. Mas não reparámos que não tinha tampo e...enfiei-me lá dentro. Enfiei-me não, caí lá para dentro. Entre gargalhadas, num misto de gozo e nervos, lá me conseguiram tirar! Depois, Corte Inglés com elas, que ainda não havia cá. E sim, compras:).
Minhas queridas, esta é para vocês:)
E há outra pessoa que quero muito incluir nesta lista. A Ana D, que acreditou em mim e me levou para a empresa onde ainda hoje estou e onde me tornei a profissional ques ou hoje. Foi uma aposta baseada apenas no seu instinto, que resultou. Já não trabalhamos juntas, mas mantemo-nos...juntas no melhor: na vida:)
Mas não fico por aqui. Porque a vida é uma caixinha de surpresas. E quando lhe/nos damos uma oportunidade, pode reservar-nos mais coisas boas. E, neste caso, mais uma amizade que no último ano se reforçou. Com a Cristina AT. Para ela, esta é a música (calma, não se assuste com o raio da imagem porque acho que vai gostar:)) :
E para terminar em grande, uma verdade que é a base de tudo o que disse acima: tenho a sorte de ter uma família fantástica. Uma mãe, uma irmã e uma sobrinha que são mais que mãe, irmã e sobrinha. São as minhas melhores amigas. Mesmo quando me partem a cabeça.
Mas também tenho amigas daquelas que tenho a certeza de que vão ficar para a vida. E se nos esperar alguma coisa depois da vida - eu gostava - , tenho a certeza absoluta que elas vão continuar por lá.
Como alguém disse, viver sem amigos não é viver. Afinal, que graça tinha a vida sem eles?
Por fim, um desejo? Algo simples: sejam amigos uns dos outros.
Post delicioso, tão verdadeiro no que toca a amizades
ResponderEliminarMarta ... o teu desejo - que devería ser comum a todos - a última frase resume tudo :)
Um beijinho grande,
C.
Querida,
EliminarEra muito bom que todos se esforçassem para serem amigos uns dos outros. Mas as pessoas estão cada vez mais egoístas...Enfim, façamos a nossa parte. Já ajuda.
Um beijo!
Me gusta :)
ResponderEliminarBueno!
ResponderEliminar;)
Olá Marta, que doçura de Blog!
ResponderEliminarVou confessar-te uma coisa, não sou muito dada a blogs mas realmente este encheu-me as medidas!!!!!!!!! Conheço-te muito mal, poucas vezes nos cruzámos na vida, do pouco que sei sobre ti foi através da tua irmã, (que eu por sinal adoro e tenho muitas saudades) fomos colegas de faculdade, e com a qual passei excelentes momentos da minha vida. De vez em quando vou vendo fotos tuas no facebook dela, e vou sabendo de ti de alguma forma, já tenho falado da tua história a outras pessoas, destacando-a como um exemplo de vida. Quero dar-te os parabéns pela pessoa que és!!!!!
ÉS UMA FORÇA DA NATUREZA!!!!!!
Beijos grandes e muitas felicidades
Helena Seco Costa
Oh...obrigada Helena:)
EliminarQuero continuar a ver-te por aqui, combinado?
Um beijo!
marta
Parabéns Marta!!! Adorei as histórias, a escrita e a força que transmites! Beijinhos Fátima Ramalho
ResponderEliminarObrigada Ramalho.
EliminarNão percas o próximo post, aqui a partir das 24h! Vais gostar ;)
bjooo
sabes qual é a parte mais dificil de um blog? mantê-lo actualizado :D por isso por enquanto estou a gostar. beijinhos
ResponderEliminarQue bom é ter amigos, não precisam ser muitos, precisam é de ser bons. Eu tenho a Felicidade de ter poucos mas muito bons e uma delas é Nossa Amiga né?
ResponderEliminarOlá Marta, adorei seu post, mas confesso que quando li a última frase, bateu-me uma tristeza. Segundo ela, não vivo...Não tenho assim tantos amigos como tu, e descobriram rapidamente que eu dava trabalho. Os poucos convites surgiam, mas apenas se meus pais levassem e fossem buscar. Sentia que meus pais tbém ficavam tristes..não por sairem ás tantas da noite para buscarem-me, ou nos cafés diários vespertinos de verão. (Qdo ganhei a cadeira elétrica, isso mudou, de verão vou mesmo sozinha)mas porque sabiam o quanto era diferente serem os amigos a trazerem me a casa, o sabor diferente que traz. Porque esses mesmo "amigos" sabiam que meu pai já tinha tido um avc e aduiriu eplipsia e evitamos que dirigisse. Sentia-me tão mal num fim de um jantar, com vinte jovens fortes e saúdaveis, perguntavam: Já ligaste aos teus pais para virem-te buscar? Ficava arrasada..que bem que sabia, se me levassem a casa! Era uma vez..não estava a pedir para levarem-me ao trabalho! Nunca mais fui a esses jantares.Ter amigos é uma benção! E estou a tentar fazer novos! Um beijo enorme para ti e boa semana. Caroline
ResponderEliminar